Resenha Política por Vocação
A definição da política a partir do Estado se firma no
conceito de que ela é exercida fortemente pelo poder da violência, e em outras
aplicações diversas em nossas vidas.Sem violência não há Estado dominante, o
cidadão não tem o direito de fazer uso da violência seja qual for à situação,
somente o Estado pode fazer uso dela. Se não houvesse política dentro do
Estado, este seria desgovernado e estaria mercê de qualquer situação, e para
isso existem os políticos, para exercer o poder pelo Estado.
A política gira em torno de interesses
políticos e pessoais. Os políticos se dividem em profissionais ou ocasionais,
são pessoas demagogas. Para governar é preciso ter cautela, nem tudo que passa
no mundo da política a população pode saber, tudo é friamente calculado para
que nada afete a imagem do político e deixe a população em estado de pânico em
uma determinada situação.
Os eleitores surgem com o passar do tempo,
e por questão de necessidade também, e com eles os partidos políticos que
acabam virando verdadeiras instituições financeiras, e a política grande fonte de lucro e desejo de poder.A
ética e a moral deixam de ser elementos essenciais na política e passam a ser
secundários em qualquer situação, o que
prevalece é o interesse.
Política: Poder e
Submissão
Na obra a definição de política é focada principalmente na
tomada do poder pelo Estado. Mas a política não se resume somente neste
sentido, fazer política pode ser muito mais do que isso. A política pode ser
empregada de acordo com seu conceito e utilidade em várias instituições, tais
como num grupo de sindicato durante uma greve, na diretoria de uma empresa, na
arte de governar o lar, coordenar funcionários de uma linha de produção, dentre
muitas outras, as utilizações são diversas, fazendo da política um aglomerado
de aplicações em nosso cotidiano, tantas que muitas vezes não percebemos que
estamos seguindo uma política a nós destinada, porém esses são apenas exemplos
citados, o foco principal da obra é abordar como a política é exercida e tomada
pelo Estado e qual é a postura de seus governantes.
Na
visão do autor um Estado que não tivesse sua base social baseada na força –
mais claramente na violência - não seria Estado e também não seria dominador, e
a anarquia prevaleceria, o medo fez com que o Estado recorresse sempre a
violência física como forma de instrumento do poder, mostrando quem realmente
manda, tal como isso, podemos dar um exemplo nos dias atuais a Polícia Militar
do Estado de São Paulo, que na teoria, está a disposição da população para
protegê-la, porém não é bem isto que acontece, pois subsidiada pelo Governo do
Estado, em alguns casos ela abusa de seu poder de coesão pela violência que
exerce sobre a população, que muitas vezes não tem o direito de se defender
pelo simples fato de temê-los, pois uma palavra pode tirar-lhes a vida.
Em
casos mais antigos temos a dominação do nazista e demagogo Hitler ao poder,
feita fortemente pela perseguição aos judeus e claro uso total da violência
como forma de mostrar sua tirania e seu poder.
E mesmo quando um indivíduo tenta usar da
violência, como um direito seja de defesa ou coação ele é coagido pelo Estado,
este impõe que somente ele tem o direito de fazer uso da violência, ou seja, a
população deve ser passiva ao Estado, principalmente tratando de violência e
poder, todos devem apanhar e ninguém deve bater, mas isto nos dias atuais é um
conceito ultrapassado, tendo em vista que cada dia mais a população se mostra
rebelada e fortemente armada para atacar quando sentir-se ameaçada.
Seguindo
do pressuposto que o Estado é o detentor do poder, quais as funções de seus
políticos? Pois o estado não governa por si só, existe uma administração por
trás dele e dentro desta administração um grupo político, então como são esses
políticos? Analisando a visão geral da obra, o político é e tem que ser
demagogo, ou seja, deter a arte de encantar e conduzir o povo para assim
enganá-lo com falsas promessas que não serão cumpridas durante seu mandato,
algo mais comum nos dias atuais,pois os políticos fingem ser simpáticos e
solidários com a população, principalmente as de classes baixas,conquistam seus
votos com sorrisos e discursos
promissores, e depois esquecem tudo que foi dito e prometido, e nada é
cumprido.
Mas
isto não é algo singular, para Weber, fazer política não é brincar de poder,
para quem deseja ser político precisa além de tudo ser profissional e
dedicar-se fortemente a esta função. Mas como tudo tem duas faces, assim como a
moeda, o político divide-se entre aqueles exercem profissionalmente e
ocasionalmente sua função. Os dois tipos de políticos citados são os políticos
profissionais, que eram aqueles que estavam à disposição de príncipes, não
tinham ambições, se dedicavam à luta pela política (faziam dela sua vida), e
seu único interesse era ter moral e ganhar o seu sustento.
Os políticos que exercem sua função ocasionalmente transformam
a política como plano secundário em suas vidas, eram os que tinham papel de
confiança no poder ou membros de partidos políticos, que só agiam na política
quando se fazia necessário, viam na política apenas uma forma de renda e
vantagens pessoais.
E
nesses tipos de políticos vem a forma de fazer política, ou seja, ou vive da
política ou vive para a política, e Weber demonstra claramente em suas palavras
o prazer que é viver para a política, toda a mágica transformação que pode
ocorrer na vida daquele que vive em função dela, há uma realização de
satisfação plena e equilíbrio, dando assim sentido e significado a vida do
político. E há aqueles que certamente vêem a política como uma verdadeira fonte
de renda e lucros, vivem obviamente da política, ou melhor, da exploração dela
e são tipos de homens que procuravam principalmente vantagens financeiras e os
que mais encontramos hoje nos dias atuais, ninguém ou não generalizando, quase
ninguém quer viver para a política, a maioria quer viver da política.
De
qualquer forma, em qualquer um dos tipos que temos na política as
superfaturações, roubos, propinas, bônus entre muitos outros há de crer que
ninguém abre mão destes “privilégios” nem o político mais inofensivo. Weber
fixa-se a firmar a idéia de que só poderia exercer a função política no Estado
aquele homem que tivesse independência financeira, e o político não deveria
receber remuneração, partindo do ponto de que ele deveria viver “para a
política” e não “da política”, uma excelente idéia, que se contasse com a
aprovação de todos seria fortemente ativa nos dias de hoje, mas a vaidade, a
ambição e o desejo impede que qualquer plano neste gênero se concretize.
O
poder gera a discórdia, visto que com a distribuição injusta dos cargos, surgem
as lutas partidárias(e dentro dela os partidos políticos) com o objetivo de
controlar a distribuição proporcional dos cargos políticos sem preocupar-se com
a capacidade de cada um e muito menos com os desvios monetários.
Os
partidos políticos a partir daí tornam-se uma verdadeira empresa ,repleta de
interesses e com diversas diferenças entre si, pois haviam os partidos que eram
formados por classe econômica, motivos religiosos, sociais dentre muitos outros
que foram surgindo com o passar do tempo.
Já
em outrora, no Estado moderno Weber vê que os políticos profissionais passam
agora a buscar o poder pela influência de seu partido político e disputavam
seus votos de forma racional ou pacifica, já não estavam mais submissos à
disposição de um príncipe.
A
partir disto, fica definido que quem decide sobre a conduta dos partidos e quem
serão seus representantes são os chamados militantes, formados por grandes
camadas de funcionários e dirigentes que esperavam da influência de seu
escolhido ao poder viessem recompensas políticas devido às dedicações feitas,
um fato que ocorre ainda nos dias de hoje, é a troca do trabalho e da campanha
a favor do candidato, por um cargo qualquer em seu gabinete.
Naquela
época quem detinha o poder sobre os cargos e empregos oferecidos era o
orientador, ou seja, quem quisesse um cargo político devia recorrer a ele e
dentro disso havia um fato tanto quanto inusitado se analisado, pois a partir disto
surge também o agente político que cuidava de todas as finanças do partido,
sendo que os políticos já não recebiam remunerações e todo o controle de
despesas e dinheiro deveria ser esclarecido, obviamente que este agente recebia
um pagamento pelos lucros obtidos.
Com
o surgimento dos Comitês Eleitorais vem o objetivo de atrair a massa para política
,organizando-a e a definindo como
eleitores.
Na
visão da ética, a política é individual ao homem e chefe do Estado, pois o
homem e o político devem saber quando se faz necessário usar a verdade e quando
omiti-la, e a ética cristã não é aplicável na visão dos governantes, pois falar
a verdade e não cometer atos ilícitos implicaria em acabar com a autoridade do
Estado pelo poder da força, e não era isto que ele desejava. Mas nem sempre
ocorre como o esperado, atualmente escândalos políticos são freqüentemente
divulgados na mídia, todos envolvendo questões de moral e ética no governo,
denegrindo e sujando fortemente a imagem
política dentro de um país e fora dele.
Por
fim, Weber declara em sua obra que o maior inimigo do político é a vaidade, e
força que os verdadeiros políticos por vocação são aqueles que passam por
dificuldades políticas como criticas má índole, e as superam provando que são
verdadeiros políticos por vocação e não por interesse.
Porém
em dias atuais a vaidade não pode ser considerada a principal inimiga do
político e sim a tentação, pois a todo o instante o político é tentado a ter
atitudes que o faz pensar em si próprio, em seu prazer, seu lucro, seu
beneficio, sua estabilidade no meio político ou sua reeleição, e ele está sujeito
uma punição se não quiser aderir a tal condição proposta, por último
quem sabe ele pensa em seus governados e as conseqüências de suas decisões e
seus atos, mas isto não é a questão mais relevante para ele, o que importa é
estar e se manter no poder, seja de
forma ética ou não.
Observações sobre a atualidade
em relação à obra:
- A
entrega de cargos federais aos partidários do candidato vitorioso, para as
formações partidárias de hoje, significa que partidos sem princípios opõem-se
mutuamente; são organizações de caçadores de empregos; suas plataformas variam
segundo as possibilidades de conseguir votos.
- A
situação da universidade brasileira impõe acrescentar dois outros obstáculos ao
exercício da vocação científica. Primeiro, a remuneração de um professor que
também seja pesquisador, além de impossibilitar que ele se mantenha atualizado
em sua área de conhecimento, não corresponde ao mínimo necessário para que sustente
dignamente sua família. Ainda mais angustiante é o fato de que o jovem que
dedica anos de vida à preparação exigida pela carreira universitária corre o
risco de estar investindo numa profissão que, no Brasil, como tudo indica,
tende a desaparecer.
BIBLIOGRAFIA
WEBER,Max. Ciência e Política – Duas Vocações.Cultrix,São Paulo,1993